No dia seguinte acordaram com a novidade: 100% dos
votos anulados. 100%? Exatamente, ninguém mais queria delegar ao outro o seu poder de decisão. Destruíram os bancos, o planalto central e a bolsa de valores. Não queriam mais o dinheiro
corrompendo pessoas, comprando almas e expropriando vidas. Decidiram que todos
seriam responsáveis por educar as crianças. Sabiam que cada qual tinha uma
importância fundamental na sociedade que pretendiam construir. Formaram
mutirões trabalho para produzir alimentos em suas comunas e nos espaços demolidos. Os frutos eram repartidos e todos desfrutavam sem serem expropriados do seu trabalho. As fábricas foram
tomadas e formaram equipes de trabalho em que cada um trabalhava uma vez no mês e produziam apenas o necessário. O resto dos
dias? Fizeram festas, dançaram, produziram literatura, arte, poesia,
conhecimento e compartilhavam com todos nas prosas do dia-a-dia. A vida florescia quebrando concretos que antes os mantinham cativos.