sexta-feira, 24 de maio de 2013

EXISTENCIAL IDADES - Não ter tempo

" Nossas rugas são assinaturas das grandes paixões que nos estavam destinadas, porém não estávamos em casa".

Walter Benjamin

Com o advento metropolitano contemporâneo o tempo nos falta porque deixamos que outros o administre.

A une passante, poema de Charles Baudelaire:




A uma passante

A rua em derredor era um ruído incomum,
longa, magra, de luto e na dor majestosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;

Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que embala o frenesi que mata.

Um relâmpago e após a noite! - A érea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
Sé te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe, tarde, além, jamis provavelmente!
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
Tu que eu teria amado - o o sabias demais!

Charles Baudelaire
Tradução: Paulo Menezes

CURIOS IDADES - Surrealismo e o empurrão pra esquerda

O grupo surrealista em 1930. Da esquerda para a direita: Tristan Tzara, Man Ray, Salvador Dalí, Hans Arp, Paul Éluard, Yves Tanguy, Max Ernest, André Breton, René Crevel



"Pensar na atividade humana me faz rir" - essa manifestação de Aragon mostra de maneira bastante nítida o caminho que o surrealiosmo teve de percorrer, de suas origens até sua politização. Com razão caracterizou Pierre Neville, que pertencia originalmente a esse grupo, em seu excelente texto, La révolution et les intellectuels, esse desenvolvimento como dialético. A hostilidade da burguesia contra toda manifestação de liberdade espiritual desempenha um papel decisivo nessa transformação de uma atitude extremamente contemplativa em uma oposição revolucionária. Foi essa hostilidade que empurrou o surrealismo para esquerda.(...)"

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura; tradução Sérgio Paulo Rouanet - 8 ª Ed. revista - São Paulo: Brasiliense, 2012 - (Obras escolhidas v. 1)