domingo, 11 de setembro de 2011

CURIOS IDADES - Outro 11 de setembro

DIA DA CATALUNHA

A colonização na idade antiga deu-se em duas etapas principais. A primeira etapa caraterizou-se pelo início da colonização pelos gregos e cartagineses. A segunda etapa corresponde a romanização da Catalunha, processo iniciado em 218 a.C. O atual território catalão foi primeiro englobado à província chamada Hispânia Citerior, que o ano de 27 a.C. deu lugar à província Tarraconense, cuja capital foi Tarraco (atual Tarragona). Com a crise do século III que afetou o Império Romano, a Catalunha foi afetada gravemente com destruição e abandono das vilas romanas. A partir do século V o país é invadido pelos povos bárbaros, basicamente tribos germânicas e asiáticas. Um desses povos, os alanos, assentou-se no noroeste da Península Ibérica e provavelmente deu nome ao território hoje conhecido como Catalunha (conventus alani).
No século IX Carlos Magno invadiu o norte peninsular e constituiu a Marca Hispânica, um conjunto de condados que seria o embrião do futuro Principado da Catalunha. Com a ocupação dos francos desenvolveu-se o feudalismo na Catalunha. No século XII, mediante o casamento do conde Ramón Berenguer IV (do Condado de Barcelona) com Petronila de Aragão (do Reino de Aragão) formou-se a Coroa de Aragão. A Coroa de Aragão expandiu-se através da conquista das cidades de Lérida, Tortosa, do Reino de Mallorca (as ilhas Baleares), do Reino de Valência, da ilhas da Sicília e Sardenhna, além de outros territórios no Mediterrâneo. Nas primeiras décadas do século XIV, a coroa teve seu apogeu político e sua maior expansão territorial. A partir de meados do século XIV a situação começou a mudar, por culpa de catástrofes naturais, crises demográficas, recessão da economia catalã, o surgimento de tensões sociais e, finalmente, com a crise sucessora (o rei Martinho I não deixou herdeiro direto). A eleição de um rei castelhano, Fernando I, da dinastia Trastâmara, marcou o início da aproximação da Coroa de Aragão à vizinha Coroa de Castela. Em 1469, o Rei Fernando II de Aragão casou-se com Isabel I de Castela, o que conduziu a uma união dos dois reinos e à formação da monarquia espanhola.
Nos séculos XVI e XVII, a Catalunha viveu um período de decadência. No seio da Guerra dos Trinta Anos, os catalães revoltaram-se contra o domínio castelhano, na Guerra dos Segadores, que foi de 1640 até 1652. O rei espanhol Felipe IV acabou recuperando Catalunha, porém teve de jurar os privilégios do Principado.
Durante a Guerra de Sucessão Espanhola, a Catalunha apoiou o pretendente austríaco (tal como Inglaterra e Portugal), e depois da Batalha de Monjuic, a 11 de Setembro de 1714, apesar do heróico combate, Barcelona teve que se render às tropas do pretendente francês. O novo rei, Filipe V de Espanha (Filipe de Anjou) era neto do rei francês Luís XIV e incorporou os territórios da antiga Coroa de Aragão, que foram submetidos a partir de então a um regime absolutista e centralista. A Catalunha deixou de ter um estado próprio (a Generalitat e o Conselho de Cento), perdeu os seus direitos e foi incorporada definitivamente no Reino de Espanha.
Com o Romantismo e o desenvolvimento industrial, em meados do século XIX surge o sentimento nacional catalão. Uma de suas primeiras expressões políticas foram as Bases de Manresa (1892), em que os políticos catalães detalharam uma série de reivindicações de autonomia. Em 1914, com a criação da Mancomunitat, a Catalunha ganhou o seu primeiro órgão de autogoverno desde 1714. No entanto, a chegada ao poder do ditador Miguel Primo de Rivera (1923) malogrou este projeto de autonomia.
Com a proclamação da II República Espanhola, em 1931, reconheceu-se a Comunidade Autónoma da Catalunha. Depois de prolongadas negociações aprovou-se o seu Estatuto (1932), sendo eleito Presidente da Generalitat, Francesc Macià. Depois da derrota dos Republicanos na Guerra Civil (1936-1939), a Catalunha perdeu a sua autonomia e sofreu uma importante e pesada repressão cultural e linguística (com a abolição do uso do catalão), por parte do Estado Nacionalista Espanhol. O presidente da Generalitat Lluís Companys foi preso na França, extraditado à Espanha e fuzilado.
A Generalitat continuou existindo no exílio, até que em 1977, dois anos depois da morte do general Franco, o seu presidente Josep Tarradellas pôde voltar a Barcelona. Em 1979 foi aprovado um novo estatuto de autonomia para Catalunha e o país recuperou outra vez os seus órgãos de autogoverno e a sua língua.
Com os Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) a Catalunha ganhou projeção internacional, sendo o primeiro destino turístico da Espanha. Além de sua capital, os principais destinos na Catalunha são: as praias da Costa Brava e Costa Dourada, estações de esqui nos Pirineus e ainda turismo histórico (em Tarragona, com monumentos romanos classificados Património da Humanidade pela Unesco em 2000), turismo cultural (como Teatro-Museu Dalí em Figueras). Barcelona oferece um bom número de museus, como o Museu Pablo Picasso, a Fundação Joan Miró e a Fundação Antoni Tàpies, além do conjunto de obras do arquiteto Antoní Gaudi e o centro medieval.
Do ponto de vista financeiro, a Catalunha possui instituições com grande poder, como a La Caixa, ou o Banco Sabadell. Em termos industriais, a Catalunha é a comunidade que tem maior participação no PIB industrial do território espanhol, com 25% do total do estado.
Em 2006 o povo da Catalunha aprovou em referendo um novo estatuto de autonomia. Entretanto, quatro anos depois boa parte das inovações deste estatuto foi derrubada pela sentença do Tribunal Constitucional, que o considerou incompatível com alguns artigos da Constituição espanhola. Esta sentença desatou uma onda indignação que provavelmente incidirá nos resultados das próximas eleições, convocadas para o dia 28 de novembro.
Eber Amaral revisado por Josep M. Buades

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