sexta-feira, 24 de maio de 2013

EXISTENCIAL IDADES - Não ter tempo

" Nossas rugas são assinaturas das grandes paixões que nos estavam destinadas, porém não estávamos em casa".

Walter Benjamin

Com o advento metropolitano contemporâneo o tempo nos falta porque deixamos que outros o administre.

A une passante, poema de Charles Baudelaire:




A uma passante

A rua em derredor era um ruído incomum,
longa, magra, de luto e na dor majestosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;

Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que embala o frenesi que mata.

Um relâmpago e após a noite! - A érea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
Sé te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe, tarde, além, jamis provavelmente!
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
Tu que eu teria amado - o o sabias demais!

Charles Baudelaire
Tradução: Paulo Menezes

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